
Tia, minha mãe costuma dizer que o meu pai preso é um inferno, mas um inferno mesmo é quando ele está solto, pois eu tenho que ver minha mãe apanhando todos os dias, e é muito ruim. Eu quero morar com minha avó, mas minha mãe não deixa, pois eu tenho 10 irmãos e tenho que cuidar de 5, acordo cedo coloco as roupas para lavar, depois faço o almoço, arrumo o lanche para as crianças levarem para escola, arrumo a casa, vou para escola e quando volto faço o lanche da tarde para eles e arrumo a casa de novo, pois eles sempre bagunçam, e minha mãe sempre chega reclamando, ela nunca deixa a gente em um lugar certo, quando meu pai é solto ficamos com ele, depois ela nos pega de volta e leva para casa, depois nos leva para casa da minha irmã, e nos pega de novo um tempo depois, nos leva para casa da minha avó, e nos pega de novo, é sempre assim, nunca ficamos em um só lugar.
Mas o meu sonho mesmo é poder ir pra igreja com minha avó, eu só tenho 10 anos, mas em nome de Jesus eu vou ser uma obreira com 11 anos, e quero muito que chegue o dia de domingo para ir a igreja com minha avó, pois será muito forte!
Este relato é de uma criança de 10 anos de idade que conheci quando evangelizava em uma comunidade no Rio de Janeiro, quem olha para ela não diz tamanha fé que esta criança tem, fé para ver sua vida sendo transformada, fé para dar um bom testemunho em casa crendo que sua família vai aceitar Jesus.
E quem a olha não diz o quanto ela sofre, pois em seu olhar existe alegria e forças para viver, ela acredita que o amanhã será melhor e que ela será um instrumento nas mãos de Deus e será usada de forma grande.
É impossível ouvir sua história e não ficar com lágrimas nos olhos, não por tristeza de ver o quanto ela sofre, mas de alegria, por ver o quanto ela é viva, o quanto ela acredita em Deus, pelo tamanho de sua fé.
Essa criança ainda tem essa fé, essa força e coragem, mas quantos não tem? Quantos precisariam de uma força para que despertasse? E o que temos feito para isso? O que temos feito por essas pessoas?
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